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Edgard Armond - O homem que criou as Escolas de Espiritismo no Brasil

Por Eliane Minhoto.


Edgard Armond nasceu em 14 de Junho de 1894, em Guaratinguetá, SP, onde realizou os cursos primário e secundário. Aos 16 anos, iniciou estudos sobre Religiões e Filosofias. Em 1912, transferiu-se para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro. Em 1914, ao romper a Primeira Guerra Mundial, voltou para São Paulo e alistou-se na Força Pública do Estado. Mais tarde, ingressou na Escola de Oficiais, sendo, aos 24 anos, declarado Aspirante a Oficial. Em 1919, casou-se com Nancy de Menezes.


Comandou destacamentos em Santos, São João da Boa Vista e Amparo, fixando-se depois em São Paulo. Em 1920, iniciou a tradução de “Os Vedas”. Em 1921, entrou para a Maçonaria, deixando de frequentá-la alguns anos depois, já no Grau de Mestre. Foi diretor da Biblioteca da Força Pública e professor das cadeiras de História, Geografia e Geometria na Escola de Oficiais. Em 1922, liderou a Revolução. Em 1923, matriculou-se na Escola de Farmácia e Odontologia, diplomando-se em Odontologia em 1926.


Durante a Revolução de 30, serviu no Estado Maior como Capitão. Após, retornou ao magistério militar como professor de Administração e Legislação da Escola Militar de Oficiais e do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais. Em 1931, apresentou projetos para a construção de uma estrada ligando a cidade de Paraibuna (Vale do Paraíba) a São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, concluída em agosto de 1934 (foi considerado o homem que colocou o litoral norte de São Paulo no mapa).


Em 1936, convidado por Canuto de Abreu, passou a participar de trabalhos de Estudos e Práticas Espiritas na Federação Espírita do Estado de São Paulo (chamada, à época, Casa dos Espíritos de São Paulo).


Em abril de 1938, passando pela Praça de Sé, foi abordado por um senhor que dizia trabalhar em um Centro Espírita na Vila Mariana e que recebera a incumbência de transmitir a ele o aviso de que, em junho daquele ano, sofreria um sério acidente. Em junho, sofreu um acidente de carro, em que fraturou os dois joelhos. Ainda no hospital, recebeu a visita do mesmo senhor para informá-lo de que “tudo que acontecera era para que ele pudesse, a partir de sua recuperação, trabalhar para o Espiritismo”.


Devido à dificuldade para andar, aposentou-se da Força Pública. Durante a convalescência, já tendo lido grande parte da literatura Espírita, começou a auxiliar na redação de palestras e conferências na recém-fundada Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEEESP). Nesse período, escreveu diversos contos espirituais, reunidos em seu primeiro livro: Contos, de 1939. Em 1940, foi editado Pensamentos em Prosa e Versos.


Em 1939, Armond foi convidado a colaborar na FEESP e, em 21 de fevereiro de 1940, foi nomeado seu Secretário Geral. Com essa eleição, encerrava-se o ciclo de preparação para a sua definitiva integração ao movimento espírita. Não mais ao Espiritismo praticado então (que se resumia ao estudo das experiências limitadas aos fenômenos de efeitos físicos), mas ao Espiritismo Evangelizador baseado nos princípios científico-filosóficos da Codificação de Kardec e na moral e amor fraterno do cristianismo primitivo ensinado por nosso Mestre Jesus.


Seu primeiro contato mediúnico deu-se quando, por meio de um médium, Dr. Bezerra de Menezes, assumindo a Direção Espiritual da Federação, transmitiu a conhecida frase: “No mundo, o Brasil; no Brasil, esta terra que tem o nome do Grande Apóstolo; e aqui, esta nossa casa que será um farol a iluminar a humanidade”.


Em 1941, teve o primeiro contato com Ismael, preposto de Jesus, Guia Espiritual do Brasil, que lhe transmitiu as primeiras instruções, investindo-o da tarefa de dirigir a Federação fixando a prevalência do Espiritismo Evangélico: “Não estarás só, terás o apoio de todos. Aqui serás o chefe, e para te auxiliar nos primeiros dias, como conselheiros, e elementos de ligação conosco, colocaremos junto de ti, três companheiros valorosos. Este, chamarás Lorenense; este, Luzitano; e este Britânico”. Toda a multidão de guerreiros apresentados a um médium de vidência, assim como os três auxiliares, pertenciam à Fraternidade dos Cruzados. Apenas Britânico, pseudônimo do Rei da Inglaterra Ricardo Coração de Leão, permanece até hoje.


Nota-se que nas situações históricas vividas por Edgard Armond na FEESP, sempre houve a participação de Espíritos Benfeitores de elevada hierarquia espiritual, com o objetivo da divulgação doutrinária e implantação da estrutura organizacional do Curso de Espiritismo e das Escolas de Aprendizes do Evangelho.


A Escola de Aprendizes do Evangelho


Após a segunda Grande Guerra Mundial, o Espírito Razin enviou a Edgard Armond uma mensagem, dizendo que a humanidade estava muito distante da vivência cristã, que o ser humano não havia compreendido a “Eterna Mensagem do Monte”. Jesus precisava ser apresentado à humanidade de forma mais objetiva para que seus ensinamentos fossem melhor absorvidos, pois como disse Kardec: “A humanidade não precisa de outra moral a não ser a do Cristo”.


Entendendo a mensagem de Razin e vendo os estragos que guerra estava fazendo na Europa, Armond cria, a quatro mãos, as dele e as de Razin, em 1950, as Escolas de Aprendizes do Evangelho, matriculando-se como o primeiro aluno, pois entendia que em “matéria de evangelização somos todos analfabetos”. E define assim as Escolas:


É um programa organizado para proporcionar a vivência do Cristianismo como proposta essencial de aperfeiçoamento moral da humanidade, através da Reforma Íntima do ser... Não se trata de um curso habitual de escola, mas sim um processo de iniciação espiritual baseado no Evangelho de Jesus entendido como a forma mais pura de vivenciar a proposta religiosa do Espiritismo para o bem da humanidade.


(Publicado na 8ª edição do Jornal Fraterno Maria de Nazaré, outubro de 2016.)

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