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Por que sou espírita?

Por Octávio Caúmo Serrano.


Fora da caridade não há salvação. Não é fora do Espiritismo, como defendem algumas doutrinas.


Se perguntarmos às pessoas por que elas são espíritas, muitos poderão responder que é porque querem. Mas lhes digo que não é. É porque estão no tempo de entender o chamamento que nasceu da razão e do discernimento. A fruta está madura e é o tempo de ser saboreada. Não basta querer ser espírita. É preciso sentir e ser embalado pela espiritualidade que nos dá silencioso incentivo por meio de inspiração inexplicável, porque chegou nosso momento. Por isso “muitos são os chamados e poucos os escolhidos”. Acrescentaríamos mais: Todos são chamados, mas poucos os escolhidos. O chamamento é divino, mas a escolha segue o livre-arbítrio do homem. Muitos vêm ao Espiritismo, mas poucos permanecem. Não estão prontos para seguir o bom senso e renunciar à imperfeição; nem conhecem a si mesmos!


Se analisarmos a história de Emmanuel veremos que ele foi importante senador quando nada enxergava espiritualmente. Perdeu sua maior oportunidade ao não defender Jesus para, depois, renascer como um escravo e, aí sim, entender o que é importante e essencial à vida.


Li recentemente que cientistas japoneses conseguiram estacionar o Mal de Alzheimer e fazer camundongos resgatar lembranças que estavam apagadas. A alegação é que a medicação restaura os órgãos da memória que estavam atrofiados. Afirmam eles que as lembranças nunca se perdem, e o responsável por buscar as informações armazenadas no cérebro e trazê-las à tona são as espinhas chamadas dendrites, espécie de braços que ajudam os neurônios a realizar sinapses. Ou seja, a conexão por impulsos nervosos entre dois neurônios. Nem imaginaram que as lembranças estão guardadas sim, mas no princípio espiritual. O encarnado registra todo seu conhecimento e faz dele propriedade sua, inalienável, indestrutível. Consiga ou não manifestá-lo pelos órgãos físicos. A interrupção das comunicações entre as dendrites é que ocasiona, por exemplo, a epilepsia. Num acidente ou se os espíritos inimigos colocam obstáculos que interrompem a passagem do impulso nervoso de uma dendrite para outra o raciocínio sofre um colapso. Alguém que sofra de epilepsia não decorrente de acidente pode curar-se ou ter o mal diminuído, pela aplicação de passes que afastam obsessores. A conscientização dessa possibilidade aliada à reforma íntima do paciente é um grande recurso para a cura deste mal. Alguém que tenha o mal de Alzheimer, após desencarnar, vai se lembrar de tudo o que aprendeu e poderá manifestá-lo numa nova encarnação.


O importante não é que o cientista saiba da alma. Mesmo sabendo só do físico, o que vale é a cura. O resto fica por conta dos méritos do espírito em beneficiar-se ou não da oportunidade. Recomeçar para meditação.


O que queremos deixar claro, porém, é que Espiritismo não é para qualquer um embora tenha vindo para todos. Não sonega informações, não faz acepção de pessoas, não discrimina doutrinas ou posições sociais ou intelectuais, mas necessita do despertar da criatura porque para ser espírita é preciso romper com os conceitos do mundo que estimulam o orgulho e o egoísmo por deturpar valores que seriam importantes, mas que são obstáculos para a evolução do homem. Sem a humildade, o desprendimento, a resignação e a fé, ninguém pode ser espírita. Seremos um antes do Espiritismo e outro depois que o descobrirmos.


Conhecer o Espiritismo á algo acessível a qualquer pessoa. Basta ler livros, assistir palestras ou fazer cursos regulares da doutrina, disponíveis em quase todas as casas espíritas. Para ser espírita, porém, é preciso vivenciar, aplicando em si próprio os princípios aprendidos e que cobramos do próximo. Temos de transpor a porta estreita. Entre o saber e o fazer e entre o conhecer e o viver há um abismo. Daí é comum falharmos diante de obstáculos triviais. Um prejuízo financeiro, uma contrariedade sentimental, a ingratidão do amigo ou a enfermidade inoportuna causam-nos desequilíbrios de consequências jamais imaginadas para alguém que já tem conhecimento. O obstáculo, como a prova para o estudante, é o teste para demonstrarmos o que aprendemos. De verdade.


Uma importante recomendação é que sejamos cristãos, verdadeiros exemplificadores do Cristo. Que o façamos independente da doutrina que professamos porque ela não é para ser apenas discursada, mas mostrada, vivida, exemplificada. É preciso, como já diz a bela canção: “Amar como Jesus amou, sonhar como Jesus sonhou, pensar como Jesus pensou, viver como Jesus viveu. Sentir o que Jesus sentia, sorrir como Jesus sorria e ao chegar ao fim do dia eu sei que dormiria muito mais feliz”.


A verdadeira paz nasce e mora no coração do homem. Tarefa intransferível. A paz do mundo nem sempre é a nossa paz. Podemos estar em paz mesmo o mundo estando em guerra!


(Publicado na 9ª edição do Jornal Fraterno Maria de Nazaré, janeiro de 2017.)


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